13 de abril de 2014

[Livros] Wreck This Journal: Atirem com um livro ao teto sem remorsos

Há uns tempos arranjei uma coisa muito engraçada.

Estava eu no Instagram, a favoritar as fotos do acampamento de férias de uma e do frappé do McDonalds do outro, quando um chegado publica uma foto de um livrinho.


Lembrava-me vagamente de ter visto um youtuber a falar sobre esse bicho, que agora o amigo possuía. Tomada pela curiosidade e pela falta do que fazer, fui pesquisar afinal o que era isso. Dois testemunhos de dois blogueiros depois, estava rendido.


O conceito do Wreck This Journal é simples: tens aqui um livro. E, contrariamente à maneira como foste educado, que te diz para estimares estes cheirosos molhes de folhas encadernadas, o objetivo deste é destruíres a gaita toda. Com isto em mente, cada página é apenas uma das milhentas maneiras que a autora idealiza para o estragar.

Deixem-me apenas contextualizar uma coisa: lembrem-se que eu sou menor de idade e, assim impossibilitado de ter Paypal ou de fazer compras na internet sem recorrer ao número de cartão de terceiros. Lembrem-se ainda que este livro, estrangeiro e não traduzido, teve de ser encomendado pela Wook da impressora que o pariu lá nas terras da Inglaterra. Lembrem-se que a mãe é a chefe de casa e detentora de todos os poderes, incluíndo o financeiro.

Agora imaginem a minha cara quando tive de pedir à minha mãe para gastar dinheiro num livro cujo objetivo é ser destruído.

Lá contornei a coisa a afirmar que "destruir" era no sentido figurativo, porque envolvia colar coisas, pintar com as mãos e escrever uma página inteira com a mão não-dominante, coisas que nunca se cogitariam fazer num livro normal ou fora de uma sala de pré-primária. Existem, adianto-vos já, páginas cujo objetivo é mesmo esse. Obviamente, omiti que existem também certas páginas a mandar-nos atirar livro à parede ou atar-lhe um fio e levá-lo a passear à rua.

Mas isso são pormenores.

Nada temam; daqui a meras semanas, esta linda capa estará coberta em papel de embrulho foleiro e recortes de revistas.

O interesse disto é, fulcralmente, um: sair da zona de conforto. Expandir horizontes. Passamos tanto tempo a tentar ter tudo perfeito e imaculado, tanto fumo nos sai pelas ventas e tanto stress se acumula pela pressão de ter de fazer as coisas bem, que é refrescante poder abandalhar um bocado. Quebrar regras inofensivamente, pintar com colheres, rasgar uma página às tiras, fuçar os armários em busca de coisas brancas para fazer uma colagem, fazer carimbos de batata.

Todos juntos: Nana is a little shit.

Até que chega a uma altura em que, ao folhearmos, nos apercebemos de que toda aquela destruição desleixada e acéfala resultou em algo bonito. E ver beleza no caos não só é uma frase poética bonitinha que podem pôr na descrição da foto de perfil do Facebook, é uma qualidade que alarga a mente e a imaginação a níveis astronómicos. Quem consegue, não se limita a sair da caixinha quadrada; dá um chute com mortal à retaguarda nas quatro paredes e ainda cospe nos destroços.

Em uníssono, desta vez: Nana's friends are also little shits.

Além disso, é divertido pra cacimba. E isso devia ser razão suficiente.

Vão mas é arranjar um livro para destruir. Vão agradecer-se a vocês próprios quando voltarem da escola exaustos e stressados e, passadas duas horas de colagens e badminton literário, se sentirem pessoas novas.


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